O poder da força de vontade
domingo, 4 de março de 2012
lma Dias, 36 anos, é gerente de marketing em uma academia no Rio de Janeiro. E, acredite, até ela precisa ter muita força de vontade para malhar. Não porque não goste dos treinamentos ou os considere desnecessários. É que exercitar o corpo regularmente, comer de forma saudável, entregar trabalhos no prazo, manter a casa limpa e cumprir metas são atitudes que vão contra duas das maiores tentações do ser humano: o prazer e a preguiça. Para lutar contra essas tendências, é preciso fazer uma verdadeira ginástica mental. É o que prega o livro “Willpower: Rediscovering Our Greatest Strength” (Força de vontade: redescobrindo a nossa maior força, em tradução livre), lançado recentemente nos Estados Unidos e já um dos mais vendidos da lista do “The New York Times”. Segundo os autores da obra, o psicólogo da Universidade da Flórida Roy F. Baumeister e o jornalista John Tierney, o treino diário da nossa “maior força”, como chamam, é o melhor antídoto para a preguiça e a busca incessante de satisfação. E, quanto maior a força de vontade, maiores as chances de ter uma vida saudável. “É a chave do sucesso e da felicidade”, argumenta Baumeister. Parece exagero, mas não é. Nos estudos citados pelos autores, vários deles mostram que as pessoas com menos força de vontade são aquelas mais suscetíveis a problemas como alcoolismo, obesidade e vício em drogas.
Difícil, no entanto, é ter esse controle em uma sociedade cada vez mais hedonista. “A vida não permite satisfação o tempo todo, mas mesmo assim queremos nos manter nesse estado”, explica o psicanalista e professor Rubens Aguiar Maciel, especialista em saúde e bem-estar. “E toda hora vai ter alguém te empurrando para a festa, para o bar, para a sobremesa mais gordurosa, o que torna ainda mais complicado fazer esse exercício mental.” O psicanalista aconselha a trocar o conceito de felicidade, que remete aos prazeres momentâneos, pela ideia de bem-estar. O lado negativo da força de vontade acontece quando há um exagero e o bem-estar vira um tormento. Pessoas com pouca flexibilidade podem transformar autocontrole e disciplina em neurose e obsessão, como os que malham compulsivamente, os que cortam radicalmente doces e bebidas e os que só economizam dinheiro.