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Teste de DNA avalia risco de câncer de mama

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Um teste para saber se mulheres com idade entre30 e 69 anos, mesmo sem histórico familiar de câncer, têm risco baixo, moderadoou alto de desenvolver tumores de mama será lançado no fim de janeiro no Brasil. 

O exame, que já é vendido nos EUA e foidesenvolvido pela empresa americana Intergenetics Incorporated, não seráencontrado em farmácias ou hospitais. Só poderá ser solicitado por uma rede demédicos credenciados no site da empresa. 

O preço estimado do OncoVue é de R$ 3.000. Aanálise do DNA é feita a partir de uma amostra de saliva, enviada para umlaboratório nos EUA. 

Já há testes similares para predizer o risco dea mulher ter câncer de mama, mas são indicados para aquelas com suspeita de síndromehereditária da doença. Nessescasos, o câncer ocorre em parentes próximas, como mãe e filha ou irmãs. Umexame de sangue identifica mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, responsáveis pelasíndrome. 

"Cerca de 90% dos casos de câncer de mama nãoestão ligados a essas mutações. O teste é para essa maioria que não sabe se temo risco da doença", afirma Paulo Cruz, mastologista e consultor técnico daOncoVue. 

A novidade, diz ele, é que o teste analisa 19genes ligados à doença e 22 variações específicas no DNA, os SNPs (pronuncia-se"snip"). 

Segundo o médico, quem tiver o risco moderadoou alto de desenvolver a doença poderá receber acompanhamento específico eadotar medidas preventivas, como não fazer reposição hormonal. "É uma grande sacada.Essas mulheres com maior risco poderão fazer exames mais detalhados",afirma. 

POLÊMICA 
O teste não é uma garantia de que a mulher commaior risco terá câncer. Questionado sobre se o teste poderá causar preocupaçãoexcessiva nas pacientes, Cruz nega. "Quem tiver risco elevado poderá secuidar mais." 

Esse tipo de teste, comum nos EUA, é polêmicopor causa das implicações éticas e do impacto que o resultado pode causar nospacientes. 

"Já estamos observando que esses testesresultam em muitas informações com pouco conhecimento e geram mais angústias doque ajudam. A pessoa tem a mutação da doença e passa a vida toda semdesenvolvê-la. Para que saber?", questiona a geneticista Mayana Zatz,coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano. 

Paulo Campana, diretor médico do laboratório CDBtambém faz ressalvas. "É complicado, porque pode gerar mais neuroses doque vantagens", afirma. 

Na semana passada, a empresa americana LifeTechnologies Corp. anunciou o lançamento da máquina Ion Torrent, que decodificao DNA das pessoas em um dia por US$ 1.000 (R$ 1.760). 

O Fleury Medicina e Saúde comprou o aparelho,que deve chegar até o fim do mês. Mas o uso será para pesquisas de doençasgenéticas em parceria com instituições públicas e privadas. 

"O desafio hoje é descobrir o melhor usodessa informação e quais serão as aplicações desse conhecimento", dizEdgar Rizzatti, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Fleury.