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Treinamento antimonotonia

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Achar modalidades mais criativas é umapreocupação constante na vida de quem está acostumado a malhar e precisa semanter motivado. Em algum momento, a atividade escolhida perde a graça e épreciso encontrar algo diferente. A mais recente inovação nessa área é oCrossFit, uma ginástica elaborada com base nos treinamentos do Exército e daMarinha dos Estados Unidos e de atletas olímpicos. No Brasil, o número deadeptos cresce e surgem academias especializadas na modalidade. 

Um dos segredos da popularidade que o CrossFitestá alcançando é o elemento surpresa. Nada de aparelhos ou séries fixas deexercícios. “O aluno sempre chega à aula sem saber o que vai acontecer”,explica o professor carioca Andrei Britto, 31 anos, coordenador da academiaCrossFit Leblon. A diversão já começa na escolha do local, pois as atividadestanto podem acontecer na própria academia como ao ar livre, em casa e até napraia. O roteiro das aulas também muda a cada encontro. Plantar bananeira,correr na praia, saltar degraus, escalar e pular corda são alguns dos 300exercícios que compõem o repertório de possibilidades do método. Eles serãoselecionados de acordo com o preparo físico do aluno, que determina também aintensidade da aula. “Os exercícios podem até ser os mesmos para todas asfaixas etárias, porém, com carga diferenciada”, explica o professor Britto. 

Foi esse aspecto lúdico que atraiu o designercarioca Ricardo Prema, 32 anos, de Manaus, no Amazonas. “É como se fosse umabrincadeira com os amigos. Nada é mecânico”, diz. Ele treina entre três equatro vezes por semana em uma praça da cidade e conta que é comum ser paradopor crianças que, curiosas, querem participar da atividade. “Elas pedem parabrincar também. Já me chamaram de super-herói em razão dos movimentos que faço”,diverte-se. Por causa do dinamismo impresso às aulas, não há como calcular aqueima de calorias. Mas essa não é a meta principal de quem opta pelamodalidade. O que os seus adeptos mais desejam é ganhar força e resistência.Nadador há três anos, o carioca Gian Filippo, 28 anos, recorreu a essaatividade justamente com o objetivo de equilibrar a rotina de exercícios eganhar mais massa muscular. Com a prática, percebeu uma melhora até nodesempenho na natação. “Estava um pouco estagnado e consegui evoluir”, dizFillipo. 

Por causa da inspiração militar, o esforço e oestímulo à superação aos praticantes do CrossFit são potentes. Foi isso o queatraiu a fisioterapeuta carioca Caty Milene Oliveira, 28 anos. Ela já praticavapilates e musculação, mas arrumou espaço na agenda para o CrossFit. “Sãoexercícios simples, mas que exigem do corpo o que é preciso e com intensidade”,diz Caty, que chegou a carregar um colega nas costas durante uma caminhada napraia. Entretanto, ainda que os praticantes insistam que a modalidade não temcontraindicações, é necessário que o aluno e seu instrutor realmente prestemmuita atenção aos limites do corpo. “Deve-se introduzir o treinamento demaneira lenta e progressiva. No caso de qualquer deficiência ou dificuldade,também é importante estar alerta para adaptar o treino às condições de cadaum”, diz o médico paulistano Arnaldo José Hernandez, 56 anos, diretor daSociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. 

Os fãs do CrossFit também consideram-no aatividade completa. “Conseguimos aperfeiçoar diversas capacidades físicas, semdar preferência a uma ou a outra, e trabalhar as várias funções do corpo”,afirma Joel Fridman, 36 anos, coordenador-técnico da academia paulistanaCrossFit Brasil. Na visão do especialista Hernandez, porém, é aconselhável uniro CrossFit a outro esporte ou ginástica. “Pode ser uma corrida mais longa,natação ou ginástica localizada. A lógica de compor as qualidades treináveis docorpo, tais como força, agilidade e coordenação, de maneira equilibrada deveestar sempre presente”, diz o médico.