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Bebês mais protegidos da Aids

domingo, 11 de dezembro de 2011

O diagnóstico de Aids em grávidas no DF acontece cada vez mais cedo. Entre janeiro e outubro deste ano, quase 60% das gestantes soropositivas descobriram ter o vírus HIV antes do parto, o que é fundamental para impedir a contaminação do bebê na chamada transmissão vertical. Em 2010, esse índice era duas vezes menor. Com isso, cresceu também a abrangência da profilaxia durante a gravidez. Ainda assim, aumentou significativamente a quantidade de bebês contaminados desde o nascimento: em 2010, foram registrados cinco casos, contra apenas um no ano anterior. Isso quer dizer que subiu de 0,2 para 1,1 caso de Aids a cada 10 mil nascidos vivos.

A explicação encontrada pela Gerência de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Saúde é que, com o cenário turbulento vivido pela capital no ano passado, muitas áreas da saúde, incluindo essa, ficaram prejudicadas. Além disso, as informações sobre a transmissão da Aids ainda precisam ser mais democráticas entre os diferentes tipos de unidades de saúde. “Precisamos de uma atenção primária que esteja em pleno funcionamento e recursos adequados para serem usados na hora certa. Necessitamos de insumos para fazer os testes”, comentou o chefe da GDST/Aids, Luiz Fernando Marques, na terça-feira, durante divulgação do boletim epidemiológico da Aids.

Segundo ele, a Rede Cegonha, um projeto do governo federal, está sendo estruturada no DF e deve melhorar sensivelmente a atenção a mães e bebês antes, durante e após o parto, incluindo grávidas soropositivas. “A ideia é de que a testagem rápida de HIV possa ser feita em qualquer unidade de saúde. É inadmissível que a gente não tenha condição de prevenir a transmissão vertical da sífilis ou do HIV quando nós temos recursos para isso”, completou Marques.

Só neste ano, o Ministério da Saúde liberou, por meio do Fundo Nacional de Saúde, mais de R$ 1,2 milhão para assistência e prevenção a Aids e outras DSTs no DF. De acordo com o Portal da Transparência do DF, o orçamento previsto para o combate a doenças transmissíveis é próximo de R$ 11 milhões. Desses, apenas 8,3% foram usados. Até outubro deste ano, restavam cerca de R$ 9,7 milhões sem destinação. A Secretaria de Saúde foi procurada pela reportagem para explicar a dificuldade em executar o recurso, mas ninguém foi localizado.

Unesco
A burocracia é uma das principais inimigas da liberação do dinheiro. Por isso, a GDST/Aids está em negociação com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para travar uma parceria que poderá dar mais agilidade na hora de usar o dinheiro. Parte dos recursos destinados à gerência seria repassada à Unesco e a organização teria mais autonomia para aprovar projetos e manejar o dinheiro. Além disso, a gerência se beneficiaria com a experiência em pesquisa e em processamento de dados. “A cooperação é importante para nos fortalecer tecnicamente. Principalmente para analisar os casos, incorporar tecnologia de relacionamento de bancos de dados. Apesar de ser um processo demorado, vai trazer agilidade, especialmente na execução do recurso e nacooperação técnica”, afirmou Leidijany Paz, assessora técnica da GDST/Aids.

Dia Mundial tem agenda no DF
O Dia Mundial de Combate à Aids será comemorado no Distrito Federal em vários eventos. Pela manhã, a Rodoviária do Plano Piloto recebe estudantes de escolas públicas envolvidos no Programa de Redução de Danos e no Projeto Quero Fazer, voltado ao aconselhamento e à testagem de HIV para homossexuais, travestis e homens que fazem sexo com homens. Material educativo e preservativos serão distribuídos e a população poderá fazer o teste rápido anti-HIV.

No Parque da Cidade, a partir das 19h, o Bar Barulho, conhecido ponto de encontro de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTs), recebe uma blitz do Quero Fazer, projeto liderado pela ONG Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (EPAH) em parceria com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, a Gerência de HIV/Aids do DF, a Universidade de Brasília e o Hospital Universitário de Brasília, além de outras ONGs.

Mais de mil alunos de 63 escolas participam hoje de uma aula aberta sobre Aids. Em três turnos, professores e estudantes confeccionarão um laço símbolo do movimento e discutirão prevenção e combate à doença. As aulas, das 8h30 às 11h30 e das 14h30 às 17h30, acontecem na Praça Zumbi dos Palmares, no Conic. À noite, entre as 19h30 e as 22h30, haverá aula no auditório da Imprensa Nacional. A organização é da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, convidada pela Internacional da Educação da América Latina para coordenar os trabalhos no Brasil.