contato@jorgevalente.com.br

Higiene íntima adequada é fundamental para a saúde da área genital

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A região genital é uma área sensível e propensa ao desenvolvimento de fungos e bactérias, sobretudo no caso das mulheres que frequentam praias e vivem em cidades litorâneas como Salvador. Justamente por isso as soteropolitanas sempre devem estar atentas à higiene íntima e os cuidados devem ser redobrados no verão. Em alguns casos, somente água e sabão não são capazes de fazer uma higienização completa, que depende de uma série de fatores.

“Uma higienização adequada depende, entre outras coisas, do tipo de produto de limpeza utilizado, da maneira como a higiene é feita e da frequência diária de higienização”, explica o ginecologista e diretor médico do Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana (Ceparh), Jorge Valente.

Segundo o médico, a higiene inadequada da área pode promover o desenvolvimento de fungos e infecções, provocando corrimentos e odores desagradáveis, pruridos e coceira.  Dentre as infecções mais frequentes causadas pela falta de higiene intima, estão a tricomoníase, a gardnerella e a candidíase.

Há, no entanto, outros fatores que podem interferir na saúde intima feminina, a exemplo da atividade sexual, alimentação, questões hormonais e até mesmo emocionais. Segundo informações da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a microflora vulvar vaginal é constituída por bactérias comensais de diferentes espécies que coabitam a pele da vulva, o intróito vaginal e a cavidade vaginal em harmonia, mas que podem, em situações especiais, tornarem-se patogênicas.

“A mulher deve adotar o hábito da higiene intima após ter relações sexuais porque o pH da sua região genital pode sofrer alterações devido ao pH do sêmen do parceiro”, esclarece Jorge Valente.

A higiene intima deve ser feita com água, sabonete especial - as mulheres devem optar pelas versões feitas especialmente para a higiene íntima feminina - e usando somente os dedos. A recomendação é usar os sabonetes líquidos, já que os em barra são mais alcalinos e facilitam a contaminação se a mesma superfície for compartilhada por diversas pessoas. No caso de pessoas que não têm tempo de fazer a higiene constante, a limpeza com lenços umedecidos também é uma opção.

Confira abaixo algumas recomendações do guia pratico de Higiene Genital Feminina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. De acordo com o guia, a higiene genital não tem a finalidade de esterilizar a região que é normalmente colonizada por bactérias, mas, sim, remover resíduos e o excesso de gordura.

Área a ser higienizada

Somente no compartimento externo (monte púbico, pele de vulva, raiz das coxas e região perianal) e compartimento intermédio (interior dos grandes lábios e dos pequenos lábios até a membrana himenal).  A higienização diária deverá evitar a introdução de substâncias na cavidade vaginal (compartimento interno).

Frequência diária de higienização

No clima quente: três vezes ao dia

No clima frio: pelo menos uma vez ao dia

Tipo de produto

Preferencialmente, produtos apropriados para a higiene anogenital que sejam hipoalergênicos, com detergência suave e pH ácido variando entre 4,2 a 5,6.

Tempo de higienização

O tempo de higiene genital não deve ser superior a dois ou três minutos para evitar o ressecamento local.

Técnica de higienização

A vulva, a região pubiana, a região perianal e os sulcos crurais (raiz das coxas) deverão ser higienizados com água corrente e com produtos de higiene, fazendo-se movimentos circulares, que evitem trazer o conteúdo perianal para a região vulvar e que atinja todas as dobras sem exceção. Incluir os sulcos interlabiais (entre pequenos e grandes lábios), região retro prepucial (clitóris). Não se recomenda - exceto nos casos de indicação médica - introduzir água e/ou outros produtos no interior da vagina (duchas vaginais). Secar cuidadosamente as áreas lavadas com toalhas de algodão secas e limpas que não agridam o epitélio da região. Os banhos de assento estarão indicados somente quando houver recomendação médica.

Pós-coito

Após ato sexual, lavar área genital externa com água e produto de higiene íntima. Não fazer uso de duchas vaginais sem indicação médica.

Período menstrual

Nesta fase o hábito da higiene deveria ser feito com menor intervalo, para aumentar a remoção mecânica dos resíduos e melhorar a ventilação genital com consequente redução da umidade prolongada. Sangue menstrual, maior produção de secreção sebácea, sudorípara e glandular e, uso prolongado de absorventes com película plástica externa, são fatores agravantes da irritação vulvar. Substâncias levemente ácidas favorecem manter o pH adequado da região genital.

Puerpério recente

O asseio deve ser feito como no período menstrual, com produtos com pH levemente ácidos.

Pós-menopausa

Devido a menor espessura do epitélio, recomenda-se lavar, no máximo, duas vezes ao dia, usando produtos com pH próximo ao fisiológico para evitar maior ressecamento e consequente prurido.

Pós-atividade física

Fazer a higiene dos genitais, logo após o término das atividades físicas para evitar que o suor e outras secreções irritem a pele da vulva.

Pós-depilação

Levando-se em consideração a maior possibilidade do aparecimento de foliculites, ressecamento e irritação da pele, recomenda-se o uso de substâncias antissépticas e anti-inflamatórias naturais (água boricada, infusões de camomila, água termal, etc) nas primeiras 24 horas.