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Artrose: um horizonte preocupante

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dor, rigidez nas articulações pela manhã, dificuldade de movimentação, deformidades no ossos, calor local e inchaço. A qualquer um desses sinais, ligue o alerta vermelho: pode ser osteoartrite. Popularmente conhecida como artrose, a doença atinge quase 10 milhões de brasileiros (cerca de 5% da população do país). Até 2015, o número ultrapassará a casa dos 12 milhões, alertam os especialistas. O mais preocupante é que quase metade dos portadores não está ciente do mal. Apesar disso, o diagnóstico é simples — basta uma radiografia ou mesmo um exame clínico.

A artrose aparece como consequência do desgaste da cartilagem entre os ossos que formam a articulação. O tecido perde sua superfície lisa, responsável pelo deslizamento dos ossos, e libera enzimas que provocam uma reação inflamatória. Trata-se de um problema que se intensifica com o avanço da idade e, por isso, está relacionado ao aumento da expectativa de vida. Sobre esse ponto, um estudo realizado pelas quatro sociedades médicas envolvidas no tratamento da doença (Reumatologia, Ortopedia e Traumatologia, Medicina Física e Reabilitação, e Cirurgia do Joelho) oferece uma projeção sombria: em oito anos, a artrose será o principal mal a afligir a população idosa do país. 

Os primeiros sinais do desgaste são detectados por radiografia por volta dos 35 anos, mas acabam passando batido nos consultórios por serem assintomáticos. O portador, em geral, só começa a sentir o incômodo após os 60 anos. Mas não há regras. “Sintoma é uma coisa interessante. Às vezes, você vê um exame de raios X e pensa: ‘nossa, esse paciente nem anda”. E a pessoa está ótima. Outras vezes, pega um exame que mostra pequenas alterações, mas o paciente mal consegue se equilibrar em pé”, pondera Pérola Plapler, diretora da divisão de Medicina Física do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, em São Paulo, e uma das coordenadoras do estudo. Os dados revelam que a dor é o sintoma mais comum, presente em 100% dos pacientes, seguida por crepitações (87%), deformidade (85%) e limitação de movimentos (83%). 

Apesar de o incômodo se manifestar primeiro entre os homens, são as mulheres as mais afetadas pela deterioração das articulações. De acordo com os pesquisadores, elas representam mais de 60% dos diagnósticos em todos os estados brasileiros, a maioria depois do início da menopausa. “Não se sabe exatamente o porquê dessa virada da estatística, mas acreditamos que as mudanças hormonais tenham um papel importante para o aparecimento da doença nelas”, analisa Plapler. Ainda que seja uma doença característica da terceira idade, jovens também não estão livres de receber o diagnóstico. Nesses casos, ela recebe o nome de artrite reumatoide e pode ser consequência de um trauma ou de um desgaste anormal das articulações. “Em jogadores de basquete, por exemplo, ela costuma aparecer com frequência nos joelhos”, diz. Em qualquer situação, o tratamento é à base de anti-inflamatórios, analgésicos e fisioterapia.

Com o estudo, os especialistas esperam fornecer a médicos e autoridades informação para que seja possível diminuir o sofrimento dos pacientes e aumentar a eficiência do tratamento e o percentual de diagnósticos. “Essa deve ser, com certeza, uma das grandes preocupações do país para os próximos anos. A população está envelhecendo. Deve existir um trabalho conjunto entre sociedades médicas e o Ministério da Saúde, que nem sempre toma as decisões adequadas”, critica Pérola Plapler.

O problema em números
O cenário da doença de acordo com as conclusões dos especialistas

Hoje, estima-se que 9,9 milhões de pessoas tenham artrose no Brasil, ou 5,2% da população

Em 2015, serão 12,3 milhões de pacientes, um crescimento de 24% nos casos da doença

A articulação mais afetada é o joelho: 74% dos casos nos homens e 89% nas mulheres Dor, crepitação e deformidade são os sintomas mais comuns

Apenas 42% dos pacientes estão diagnosticados hoje. Em 2015, serão 55%.

Exames clínicos e de raios X são os mais usados no diagnóstico. A ressonância magnética vem em segundo lugar, como método complementar.

Sinal de alerta
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