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Libido em baixa

domingo, 3 de junho de 2012

A vida sexual é importantíssima para grande parte das pessoas e na manutenção das relações amorosas. O que poucos homens sabem é que a queda no desempenho pode ser revertida. Ao chegar aos 50 anos, há um decréscimo de 10% a 20% nos níveis de testosterona — principal hormônio masculino — e isso reflete-se em outros aspectos da saúde. Além da diminuição do desejo sexual e da capacidade de ereção, há redução do crescimento da barba e de pelos, perda de força muscular, desenvolvimento de gordura, principalmente na região abdominal, e até mesmo mudanças na atividade cerebral. Esses são alguns sintomas que podem estar relacionados com uma mesma causa: o distúrbio androgênico do envelhecimento masculino (Daem). Depressão, ansiedade, sonolência e irritabilidade são outras características relacionadas ao problema.

A queda na produção da testosterona ocorre a partir dos 40 anos, com perda entre 1% e 2% do hormônio total disponível por ano. Muitas vezes, os sintomas são confundidos com estresse profissional ou pessoal. Cerca de 20% dos homens apresentam esse problema. A falta de tratamento no momento certo leva a um grande número de pacientes que têm a vida comprometica pelo distúrbio. 

Os sintomas não necessariamente aparecem todos juntos e a intensidade deles pode variar. A queda nos níveis de testosterona, a longo prazo, pode estar associada ao desenvolvimento de níveis anormais de colesterol e à síndrome metabólica, o que aumenta inevitavelmente a probabilidade de manifestação de doença cardíaca, de acidente vascular cerebral e de ataque cardíaco.

Como tratar
O indicado é procurar ajuda médica o quanto antes. O tratamento se dá com a reposição do hormônio. “O único princípio ativo por via oral que considero seguro é o undecilato de testosterona, mas ele não é vendido no Brasil. A mesterolona e outros disponíveis no mercado não devem ser usados, pois são tóxicos para o fígado”, afirma Eduardo Bertero, urologista especialista em disfunção social.

 De acordo com Bertero, a maior dúvida é qual será a reação do organismo ao medicamento tomado.“O problema do comprimido é que não temos a certeza de que o paciente vai absorver a quantidade que prescrevemos. O corpo de cada um tem diferentes taxas de absorção. Além disso, são necessários muitos comprimidos ao dia, de seis a oito, o que também onera o tratamento”, pondera o médico. 

Há adesivos subcutâneos e gel, que precisam ser importados. Outra opção são as versões injetáveis. O tratamento pode ser feito em uma curta duração, quando o paciente recebe doses a cada duas ou três semanas. Mas essa modalidade tem um importante inconveniente: ela gera picos supra e subfisiológicos. Ou seja, quando o organismo recebe a injeção, os níveis de testosterona vão acima do normal e chegam a picos de 1,6 mil nanogramas por decilitro de sangue, quando o máximo é de  800 nanogramas por decilitro. Entre sete e 12 dias, a taxa cai para 200 nanogramas por decilitro. “Essa variação não é boa para o organismo”, alerta o urologista.

A outra opção, e preferida de Eduardo Bertero, é a injeção de longa duração. “O medicamento é administrado em aplicações trimestrais via injeção intramuscular. Seu mecanismo de ação libera gradualmente o hormônio, mantendo os níveis de testosterona normais por mais tempo”, explica. Cada aplicação custa cerca de R$ 300. 
 
Depoimento 
Qualidade de vida resgatada 
Aos 52 anos, o mineiro José Silva* faz tratamento há dois e diz que recuperou sua qualidade de vida. “Estava com muita gordura abdominal, pouco apetite sexual e motivação. Sentindo coisas que nunca senti e com frequentes lesões musculares. Foi difícil descobrir que se tratava do distúrbio androgênico do envelhecimento masculino. Quando comecei o tratamento, todos esses sintomas foram melhorando. Foi um espetáculo. Voltei a me sentir muito bem. Fico pensando em quantos homens não sabem que têm a doença e ficam tristes, deprimidos, sendo que poderiam reaver sua qualidade de vida, a saúde física e mental e até um relacionamento”, enfatiza. 

* Nome fictício 
 
Curiosidades 
» Os termos andropausa ou menopausa masculina são frequentemente usados para definir o distúrbio androgênico do envelhecimento masculino (Daem), mas são inapropriados e biologicamente incorretos, já que o decréscimo da produção de testosterona não é um fenômeno isolado, ocorrendo com outras alterações fisiológicas relevantes. Além disso, o declínio hormonal da mulher é bem mais acentuado e há a falência funcional dos ovários, o que não ocorre com os testículos.
 
» Estudo clínico alemão divulgado em 2008 com 117 pacientes diagnosticados com o distúrbio e acompanhados durante 15 meses revelou queda na taxa média da proteína C-reativa de 3,5 para 2 miligramas por decilitro de sangue depois de realizarem terapia hormonal com undecilato de testosterona. A normalização dos níveis hormonais se mostrou benéfica, já que a proteína C-reativa favorece o desencadeamento de um processo inflamatório ligado ao aumento do risco cardiovascular.
  
» Aproximadamente 20% dos homens com idade entre 60 e 80 anos e mais de 35% daqueles com mais de 80 anos apresentarão sintomas da baixa hormonal.
 
» A diminuição no consumo dos açúcares, o equilíbrio entre os lipídios ingeridos, o controle do peso, os exercícios físicos regulares e o monitoramento dos índices hormonais, com ou sem a reposição,  contribuem para o restabelecimento de um padrão de vida. Vários alimentos auxiliam e equilibram a produção dos hormônios e aumentam a resistência imunológica. Portanto, é preciso atenção aos hábitos alimentares, mas, no geral, não existe uma dieta única, pois cada indivíduo tem necessidades específicas. 

» Diferentes estudos têm evidenciado que a queda das taxas de testosterona não está relacionada isoladamente ao avanço da idade. Essa diminuição está ligada a males crônicos, especialmente aqueles que representam alto risco para o desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares, como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão e dislipidemia (colesterol alto).
 
» Há uma oscilação natural nos níveis de testosterona no organismo. Por isso, o ideal é sempre, ao buscar fechar o diagnóstico, fazer dois exames intervalados para medir os níveis do hormônio. Há de se verificar ainda o nível da testosterona livre, pois a taxa de testosterona total pode estar na faixa normal e a de testosterona livre, em baixa. Isso ocorre porque, com a idade, há uma elevação da proteína ligadora dos esteroides sexuais (SHBG), que imobiliza o hormônio masculino e não permite sua ação nos tecidos. Somente de 2% a 3% da testosterona plasmática é livre de ligação proteica.